No primeiro episódio, Fernando Mantovani conversa com Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, sobre as práticas ESG (Environmental, Social and Governance) e seus impactos na atração e retenção de talentos nas empresas.
O tema vem ganhando espaço a ponto de o conceito ESG já ter se consolidado como muito relevante em todo o mundo, incluindo o Brasil. Estudo da própria Robert Half indica que 83% dos candidatos a trocar de emprego consideram importante a futura empresa ter uma agenda ESG. Metade deles diz que pode ser fiel à atual empresa que tenha essas práticas no seu cotidiano.
O impacto maior é entre os mais jovens. A adoção do ESG por uma empresa vai ao encontro da visão desse grupo, que deseja deixar um legado, um impacto positivo para um mundo melhor, ou “levantar uma catedral”, como descreveu Aaron Hurst, autor do livro “The Purpose Economy”, que cunhou a ideia da “Economia do Propósito”.
Segundo Pereira, a promessa de uma ótima remuneração continuará sendo importante, mas isso só já não basta, porque a cabeça dos profissionais começa a mudar até na hora de decidir se envolverem em processos seletivos em busca de posições em empresas que não tragam consigo o que se chama “propósito”. Uns poucos já começam a questionar a própria participação no processo de seleção por conta disso.
O diretor do Pacto Global, braço da ONU de iniciativas voluntárias privadas para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania, conta que ele próprio já recusou propostas de empresas que não tinham as práticas ESG. Mas admite que a crise econômica do país é capaz de atrasar esse ímpeto por embutir o receio do desemprego.
De fato, apesar de a consciência sobre a importância do tema ser crescente, o medo do desemprego acaba afastando a possibilidade de descartar um trabalho que não tenha aderência às práticas ESG.